sexta-feira, agosto 18, 2006

Carmen



«Que demência nos percorre na loucura de um louco amor egoísta que nos penetra peito a dentro, sangrando a alma roubada pelo beijo da envenenada camélia, que de tão encarnada roubou a cor ao inferno e de tão sedutora roubou o diabo.
És mulher da cor do sangue, com lábios rosados, unhas rosadas, e mamilos rosados, com cabelos negros, pestanas negras, e sobrancelhas negras, e com pele branca, dentes brancos e mãos brancas. És a puta vendida ao diabo. Criança que da inocência foste roubada e a ele vendida. Tornaste-te na meretriz morta aos braços do teu veneno comprado.
És Carmen. Tão simplesmente Carmen, na tua beleza fatal e de desejos tão carnal. És uma camélia enfeitada pelo diabo, perdição de homens e de almas, sempre na busca infundada pela alma vendida. És menina mulher com medo de um mundo e com um preço marcado nos teus pequenos palmos de testa. Cobra o teu corpo, os teus beijos, os teus seios, ameaçando vender a alma já vendida àquele mortal que só a vida pode tirar, e que nos teus braços jamais poderá dar.
És a amante do diabo. És a mulher roubada à vida. És a morte da tua morte. És Carmen.»

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