«A proximidade dos lábios entreabriu as almas. Os sentidos perderam-se num comboio sem destino especificado e com destino a uma terra mergulhada num passado congelado. Do ar recebiamos agressões palpáveis. Milhares de partículas de desejo eram inaladas pelos nossos narizes, poros, olhos, estomagos, bocas, e, suave e provocadoramente, faziam cocegas nas comissuras dos nossos lábios. Levantámos voo num desejo de páginas corridas. Situamo-nos como acidentes prestes a acontecer. Como ondas selvagens e galopantes num mar sem rédeas. Os corpos gritavam por mergulhar nos ecos da saudade. Os iguais reconhecem-se assim como os nossos sexos opostos se atraíam. Clamavamos um pelo outro, acima de um tudo, que afinal não se revelou tudo... Com resignação quebrámos o caminho aberto pela essência humana e erguemos as muralhas tão protectoras, mas não tão seguras. Tornamo-nos estátuas de desconhecidos com diamante em bruto escondido. Bem escondido lá dentro, não fosse o mundo descobri-lo e quer fundi-lo.»
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
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