terça-feira, outubro 10, 2006


Hoje tive um sereno encontro com a tristeza. Uma tristeza tão vulgar como todas as tristezas mortais e passageiras, tão companheira com a paisagem melancólica que baila na janela de um comboio, tão desafiante como um ultimo fôlego. Tristeza que assume contornos pequenos e intensos, como formigueiro que progressivamente rebate a nossa alma para uma simples existência. Sinto todos os dias que não estou onde pertenço. que me desenquadro voluntariamente de uma realidade muito complexa para mim. Onde a simplicidade de um pé descalço e de um abraço sentido não tem sentido de existir. Onde a areia debaixo dos meus pés não "sabe" a areia debaixo dos pés, onde um sorriso não é simplesmente um sorriso, mas uma conspiração de intelectuos. Sinto saudades da minha casa e da minha gente. De uma casa que não conheço a não ser pela serenidade que me propiciona, e uma "minha" gente que só conheço pelos sorrisos sinceros que voluntariamente confesso sempre que os sinto perto de mim. Na tristeza simples e descomplexada, guardo recordações de uns pés descalços, de uma tarde de silêncio e de umas páginas em branco.

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