Tenho os pés frios da areia molhada...

Tenho os pés frios da areia molhada. Caminho com sofreguidão pela praia. É inverno e todo este ritual me acalma. Tenho a mente a fervilhar, perdi tudo, nada tenho. Nada tenho que seja meu, o material é perfeitamente efémero. Quando morrer, as "coisas" que considero minhas e pelas quais perdi tempo vida para as adquirir, são dadas a outras pessoas que partilham comigo um codigo genetico semelhante. E essas pessoas faram o que melhor achararem para se poder banquetear materialmente durante o seu tempo de vida. Isto é circulo vicioso!
Por tudo isto tento cabalmente afastar-me do material, viver a intensidade que a vida me tras mas quase exclusivamente na sua vertente pessoal, espiritual, intrinseca... Leio livros, passeio por ruas desertas, por praias frias, por corações vazios na procura de algo, que docemente baptizei de inominavel. Algo que não se define pelo seu conceito de essencia em si, mas pelo conceito de utilidade. E essa utilidade é simples, fazer-me completo, um ser feliz e completo.
Sou Walt o caminhante solitario...